domingo, 31 de janeiro de 2010

No sufoco!


É dificil caminhar em frente, quando tudo à nossa volta sao obstaculos, muitas vezes criados por nós. É difícil querer ser mais e melhor, e uma força estranha vinda do mais fundo de nós nos arrasta para o poço. Um poço de angústias, de dor dilacerante, um poço de vozes insensiveis que te gritam o quão inútil é o teu esforço, o inútil que é cada sonho teu (nunca passarão disso mesmo, sonhos, só sonhados e nunca vividos!), o inútil que é cada gesto, tudo em vão.
Lágrimas espessas cobrem toda a face, salgadas, quentes, intensas. Lágrimas que são minhas, que são a prova concreta (e tao abstracta!), de que ruí em mim, e apenas destroços se podem encontrar a partir d entao.
Revolta! Porque talvez eu não merecesse isto. Porque talvez eu pudesse ter agido de outra forma que não esta, na qual não me vejo, onde apenas o outro aparece como importante, nas suas opiniões, nas suas dores, nos seus gestos. Eu tentei, e eu juro que tentei, de tantas formas, ir ao seu encontro, impedindo que o outro se dilacerasse como eu. Pura ilusão de alguem que da vida nada conhece.
Tudo continua igual a ontem, e ao antes de ontem. Tudo permanece repleto de lágrimas que salpicam as paredes das nossas almas, tudo permanece cinzento à espera de um raio de sol que teima em não surgir, tudo permanece imóvel como se a ausencia de som e movimento pudessem transformar tudo num lugar melhor. Um erro crasso. Nada se passa assim nem nunca passará. Até ao dia em que rajadas de vento forte sacudirão brutalmente tudo isto que é o agora e já foi passado, sacudirão raivosamente transformando quem sabe lágrimas em sangue, transformando choro em grito. E aí alguma coisa terá que ser feita, não só por mim.
O que eu fiz ou faço é subtil e discreto, leve... Uma tentativa vã de tentar que atraves de pequenas coisas alguem chega à conclusão mais certa. Mas nada acontece. E posso permancer horas a olhar pela janela, atentamente, esperançosa ate que algo aconteça. Nada acontece. As chamas de um fogo que não se vê propagam-se e tornam tudo em cinza. Como é possivel não me lamentar, não pôr em causa aquilo que sou, aquilo que quero e aquilo que tenho em mim? Como é possivel permanecer imune a isto! Isto ao qual nunca ousei atribuir uma palavra, um nome, um significado que lhe desse a vida que tem. Não sou capaz, continua a ser o pequeno monstro da minha infancia, escondido tantas e tantas vezes atrás do armário que ao mais pequeno gesto faz com que trema, e ceda ao medo que me possui. E fico ali parada. À espera que vá embora, umas vezes olhando-o de frente, outras tancando-o no armário mas ouvindo os seus uivos assustadores.
Sei que um dia este "montro do armário" vai embora mas há coisas que permancem naquilo que somos para toda a eternidade.